O “apocalipse zumbi” tornou-se uma das maiores fixações da nossa cultura moderna, como demonstra o reinado de The Walking Dead na televisão, além de filmes que utilizam o tema como Extermínio e Guerra Mundial Z.
No entanto, enquanto a “mania zumbi” tomou conta da cultura pop, também foi sendo deixada para trás algumas de suas humildes raízes do horror indie, e nada incorpora melhor essas raízes do que o trabalho de George Romero.
O diretor de A Noite dos Mortos-Vivos eMadrugada dos Mortos (e muitos outros) recentemente deu uma entrevista para a Indiewire, onde lamentou como é difícil para ele conseguir que um de seus projetos sejam aceitos hoje em dia. E Romero até identifica os culpados para seu problema: Brad Pitt eThe Walking Dead.
“Por causa de Guerra Mundial Z eThe Walking Dead, eu não posso lançar um pequeno e modesto filme de zumbis, que se destina a ser sociopolítico. No momento em que você menciona a palavra ‘zumbi’, alguém diz ‘Ei, mas Brad Pitt pagou 400 milhões de dólares para fazer isso’… Querem um filme zumbi apenas com zumbis causando estragos. Não é isso que eu quero.”
Os filmes de Romero sempre foram subversivos quando se tratavam de usar os zumbis como metáforas para coisas como a cultura de consumo (Madrugada dos Mortos) ou a cultura voyeurística moderna (Diário dos Mortos). Nesse ponto, o cineasta não deixa de estar certo ao dizer que nos tempos modernos essa mensagem subversiva foi ignorada em favor de usar os zumbis como uma metáfora simples: o cataclismo apocalíptico.
Mas é estranho que Romero cite The Walking Dead, colocando-o no mesmo patamar de “zumbis voltados apenas a causar estrago” de Guerra Mundial Z. Principalmente porque em The Walking Dead os zumbis servem apenas como alegorias, e o foco está justamente na sobrevivência da humanidade e no comportamento das pessoas em um mundo destruído.
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