E a culpa de tudo o que está acontecendo em “Fear the Walking Dead” e, pensando de uma maneira superabrangente, em “The Walking Dead” é… Do governo!
Explica-se.
Que as pessoas estão infectadas, tudo bem. Sem saber qual o vetor responsável pela transmissão, aconteceria de qualquer maneira. Pelo ar, pela água, por uma vacina, por uma droga, pelo que for, a população seria contaminada de alguma maneira.
Mas o que “Fear” vem mostrando é que as autoridades lidaram da pior maneira possível com a epidemia.
Claro, faz parte do show. Na vida real, talvez, se um dia isso tudo acontecesse, as ações poderiam ser diferentes. Mas, na ficção de Kirkman e Erickson, a sucessão de decisões erradas e precipitadas ajuda a criar um quadro que deixa claro: não fosse por isso e, quem sabe?, seria possível evitar um caos generalizado.
Afinal, analise junto, caro internauta:
1) Era preciso, claro, conter os protestos populares. As pessoas, à medida em que as coisas saem dos eixos, buscam respostas. Algumas delas, até, para perguntas feitas por Madison. Quando a eletricidade voltará ao normal? E os telefones? Cadê os médicos? Cadê os medicamentos? Enfim, manter a ordem é uma necessidade, mas, claramente, não precisava ser à base da força extrema e exagerada, como tem sido mostrado. É preciso matar pessoas inocentes? É preciso imprimir um ritmo ditatorial dentro da “área de segurança”, com um idiota qualquer recebendo e repassando ordens? É preciso isolar à força as pessoas que têm suspeita de infecção?
2) Ao que consta, não foi feito nenhum esclarecimento à população, ainda. Nesses casos, para que as pessoas possam lutar contra um problema maior, é preciso, antes de tudo, entendê-lo. Pense, leitor: o que você faria se fosse o presidente do mundo? Um pronunciamento em rede mundial seria muito útil, tiraria as pessoas do escuro e, inclusive, todos saberiam lidar melhor caso estivessem diante de uma situação de risco, como em um encontro com um zumbi ou cuidando de um parente ou amigo com sinais iminentes de morte.
3) Imediatamente, as forças armadas preferiram abandonar as cidades de uma maneira generalizada e apostar em pequenos centros de segurança, onde, teoricamente, não existe risco de contaminação. A longo prazo, claro, é uma decisão muito equivocada. Afinal de contas, quando as hordas surgirem e resolverem atacar em massa, para onde elas vão se dirigir? O que seria mais fácil, depois: tentar controlar ataques isolados ou recuperar um terreno imenso, já invadido? Claro, não se pode perder o controle da situação. Para vigiar melhor as pessoas, é preciso isolá-las e ter um controle total sobre elas 24 horas por dia. Mas o apocalipse encontra suas maneiras e, bem ou mal, entregar a cidade de bandeja para os zumbis, depois, teve um preço altíssimo, como se sabe.
4) Por fim, mas não menos importante, não existe diálogo. Existe a mão de ferro das autoridades. “Manda quem pode, obedece quem tem juízo.” O que é um erro, claro. Quem melhor para entender problemas localizados do que uma pessoa influente nesse meio? Tentaram fazer isso, quando Travis foi recrutado para conversar com um vizinho, Doug, mas e depois, quando ele tenta avisar sobre os tais sinais que o filho descobriu? E os esclarecimentos sobre o estado de saúde de algumas pessoas? E o destino de outras? Não dá para convocar uma reunião extraordinária nem abrir um julgamento para casa coisinha que acontece, mas, em uma análise geral, é essencial trocar experiências e ouvir o que as pessoas têm a dizer.
O perfil dos mortos-vivos de “The Walking Dead”, sabe-se, é “controlável”. Não se trata da mesma agressividade vista em outras obras de ficção, como “Guerra Mundial Z”, por exemplo. Por isso, a impressão que passa é que dava para evitar muita coisa.
Claro, se medidas enérgicas não são tomadas, é mais fácil a situação sair completamente fora do controle. Mas, mesmo com elas tendo sido, a coisa desandou completamente. Os fins, afinal, não justificam os meios.
Faltou transparência. A tal história de esconder da população a todo custo cobrou um preço caro. A truculência, como se vê, não está ajudando em nada. Pelo contrário, está fazendo com que as pessoas passem a não confiar justamente naqueles em que elas deveriam enxergar esperança para que o problema fosse solucionado.
O inimigo, num determinado momento, não serão os zumbis. Serão os militares, os governantes ou quem quer que acredite estar no comando de uma situação qualquer. Estes, muito mais complicados de se lidar. Eles também andam em bando. Não mordem, mas atiram bem e sabem o seu nome.
Fonte: The Waking Dead
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