quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

Stephen King salvou o dia de um jornal através do Twitter


O escritor norte-americano respondeu ao desafio lançado pelo jornal da sua terra natal e angariou os assinantes necessários para financiar a continuidade da secção de crítica literária.


À semelhança do que se passa um pouco por todo o mundo, um jornal local norte-americano viu-se obrigado a efetuar cortes financeiros para suportar as despesas de funcionamento e decidiu aplicá-los encerrando a secção de crítica literária onde se apreciavam obras de escritores da região. Esta história seria igual a tantas outras não fosse a intervenção do escritor Stephen King, que, através de uns quantos tweets, reuniu novos assinantes para que o jornal não acabasse com a secção.



Quando o Portland Press Herald delineou o plano financeiro para 2019, um dos editores informou os colaboradores que asseguravam a escrita dessas críticas de livros que o pequeno órgão de informação local não tinha fundos para continuar a pagar pelos seus serviços. Alguns deles juntaram-se e lançaram uma petição reivindicando uma mudança de posição da direção, mas sem sucesso.


No entanto, tudo mudou quando o escritor norte-americano anunciou no Twitter que o Portland Press Herald, um dos principais órgãos de comunicação da região onde vive, iria acabar com essa secção dedicada a livros de escritores do estado do Maine.

Na rede social, Stephen King pedia ao jornal: “NÃO FAÇAM ISSO”, entre apelos para que os utilizadores do Twitter partilhassem a mensagem, fossem ou não residentes no Estado do Maine. Os seguidores do escritor depressa fizeram chegar a mensagem a mais de 8 mil pessoas.

O jogo mudou quando o jornal local notou que o famoso escritor tinha publicado na rede social esse tweet expressando o seu descontentamento com a decisão tomada e, como resposta, a direção do jornal desafiou Stephen King a ajudá-la a angariar novos assinantes para cobrir os custos da secção.​ Numa jogada bem orquestrada, a diretora do jornal, Lisa Desisto, lançou uma campanha promocional, que oferecia uma subscrição de 12 semanas por apenas 15 euros. Como códigos, os novos subscritores usariam as palavras "King" e "Carrie", em alusão ao escritor e ao seu primeiro livro publicado.

The Portland Press Herald/Maine Sunday Telegram will no longer publish local, freelance-written reviews of books about Maine, set in Maine, or written by Maine authors.
Retweet this if you're from Maine (or even if you're not). Tell the paper DON'T DO THIS.
These are challenging times for newspapers. But here’s an offer: If you can get 100 of your followers to buy digital subscriptions to the @PressHerald, we will reinstate the local book reviews immediately. Use the promo code KING. Deal? https://pphiservices.newscyclecloud.com/cmo_lsj-c-cmdb-mtm-01/subscriber/web/startoffers.html?campaignGroup=king 


 “Estes são tempos desafiantes para os jornais”, escreveu o jornal local, deixando em seguida o repto: “Se nos conseguires 100 assinantes, iremos reincorporar a crítica de livros imediatamente. Usa o código promocional KING. Combinado?”.

O jornal mandou e Stephen King fez acontecer. Pouco depois do anúncio na rede social do escritor, o Portland Press Herald anunciou que tinha subscrições mais do que suficientes para cumprir o seu objectivo de manter a secção de crítica literária e que voltaria a restabelecê-la a partir da próxima semana.


Cliff Schechtman, editor do jornal, confirmou que conseguiram “quase 250 novos assinantes” graças ao apelo do escritor. O jornalista do órgão de comunicação local contou à AFP que sabia que envolver Stephen King “teria impacto” e que se questionou se “poderia usar a influência do escritor para apoiar o jornalismo local”.


“O sector vive mudanças consideráveis”, referiu o editor, não sem antes sublinhar que o apelo, “neste caso, teve um final feliz”. O escritor escreveu de volta aos seus seguidores, agradecendo-lhes por terem contribuído para manter um importante suplemento do jornal local. “Vocês salvaram o dia. Há países em que as artes são consideradas vitais. É pena que este não seja um deles”, acrescentou em tom de crítica.


Fonte: Publico (Portugal)
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