Tanto no livro de King quanto na primeira adaptação, lançada em 1989 e dirigida por Mary Lambert, o casal principal da trama perdia o filho mais novo, Gage, em um acidente na estrada perto de sua casa no interior dos EUA. No novo longa, quem sofre o acidente é a irmã mais velha de Gage, Ellie (interpretada por Jeté Laurence).
Assim como ocorre com Gage nas versões anteriores, ela é enterrada no "Cemitério Maldito" do título e volta à vida para assombrar os pais.
Após os cineastas explicarem seus motivos para a mudança, o próprio King defendeu a decisão em entrevista à revista "Entertainment Weekly". "Eles fizeram um bom trabalho. Eu vi algumas das reações on-line quando eles revelaram a mudança, e eu fiquei pensando: 'Essas pessoas são doidas'", brincou o escritor.
"Você pode pegar várias estradas diferentes para chegar a uma cidade, mas no fim das contas chegará à mesma cidade! Entende o que eu estou dizendo?", refletiu ainda. "Não fez diferença para mim. Eu entendi por que eles fizeram isso, é mais fácil filmar uma garota mais velha como zumbi do que um bebê".
"Minha ideia é sempre: 'Se funciona, tudo bem. Se não funciona, Jesus, por que você mudou?'. Eu vi algumas mudanças feitas a obras minhas que eu joguei as mãos para cima e disse: 'Por quê? Você tinha um livro, um mapa para esta história que poderia seguir'", comentou.
"História real"
King ainda comentou sobre a relação conflituosa que nutre com "Cemitério Maldito" desde o seu lançamento. O autor confirmou rumores de que estava decidido a nunca publicar o livro após finalizá-lo e relê-lo, mas que um contrato com uma editora o obrigou a mudar seus planos.
"Eu me diverti muito escrevendo, mas então acabei. Daí, quando fui ler, só consegui pensar: 'Isso aqui é terrível. É realmente horroroso'. Não acho que ele seja mal escrito, necessariamente. Mas ele fala muito sobre morte de crianças, e isso é muito próximo de mim, porque eu tenho filhos", esclareceu King.
"Tudo naquele livro, menos a morte de Gage e a parte sobrenatural, é verdade", revelou ainda. King, assim como o protagonista do livro, se mudou com sua família por um tempo para um casarão à beira de uma estrada movimentada no Maine, estado norte-americano onde o escritor vive até hoje. Lá, a família do autor perdeu um animal de estimação, um gato chamado Smucky.
Assim como o gato Church do livro, ele foi atropelado na estrada próxima à casa e enterrado em um "cemitério para pets" que existia na floresta que cercava o local.
Pouco depois, o filho de King, Owen, foi visto andando perto demais da estrada. Embora o casal tenha conseguido alertar o filho antes de algo grave acontecer, no livro o pequeno Gage acaba também sendo atropelado.
"Sempre que eu leio 'Cemitério Maldito' hoje em dia, penso: 'Há muito luto neste livro'. É horrível", completou King.
Fonte: UOL
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