Greg Nicotero faz de tudo em The Walking Dead. Ele cria todos aqueles zumbis nojentos que você vê na série (às vezes ele mesmo se camufla e vira um). Ele também é um dos produtores executivos e nas últimas temporadas se tornou um dos diretores da série. Foi Nicotero quem dirigiu o episódio de estreia da sexta temporada, que terá 90 minutos (contando com os comerciais) e estreia neste domingo no AMC.
A Entertainment Weekly conversou com o gênio para saber o que esperar do primeiro episódio… e além.
ENTERTAINMENT WEEKLY: Mais uma vez você está dirigindo quatro episódios dessa temporada, incluindo o de estreia. O que você pode nos contar sobre o primeiro episódio?
GREG NICOTERO: O que amo é o jeito que o showrunner Scott M. Gimple escreve, ele é bem ousado. Scott realmente respeita a audiência. Nesse episódio vamos brincar um pouco com o tempo, e não de um jeito tradicional. Uma das coisas mais empolgantes é que nós meio que começamos em uma sequencia de ação, e pulamos para aquele intervalo de tempo para permitir que a audiência consiga associar o que eles acabaram de ver.
Fazendo isso, temos que reintroduzir Morgan ao grupo, delinear a corrente de comando de Alexandria em termos de Rick e Deanna, e coisas muito boas que aconteceram no final da última temporada nos fez começar de um jeito bem explosivo.
Vocês estão proporcionando tipo uns quebra-cabeças do jigsaw de Jogos Mortais para os espectadores desvendarem.
Greg Nicotero: Mas de um jeito puramente The Walking Dead. Nossa audiência realmente assiste aos episódios várias e várias vezes, e por isso gostamos de montar coisas de um jeito que sempre há joias escondidas. Como no episódio 9 da quinta temporada, onde Tyreese morreu: no fundo de Shirewilt Estates nós pichamos “Lobos não estão longe”. Nunca queremos surpreender a audiência com coisas que aparecem do nada, que eles pensem “Espera um minuto, de onde saiu esse cara?”
É muito importante estabelecer bases e colocar sementes para isso. Foi o mesmo que fizemos com o Terminal e com os Lobos. Vê-los no episódio 9 e ver aqueles torsos e depois saber que aqueles torsos fariam parte do episódio final e só ter um pouco de noção daquela coisa. Isso é o que os roteiristas são melhores em fazer – estabelecem bases e jogam sementes para elementos da história que se constroem em vez de fazer uma curva para esquerda do nada e deixar o público desprevenido. A audiência pode rever e juntar essas pistas, e se recompensarem com “Aaah, eu percebi isso! Os Lobos não estão longe! Isso é o que aquela pichação significava. Ótimo.”
Vamos falar de números, senhor. Conte sobre o gigantesco número de zumbis que veremos nessa temporada.
Greg Nicotero: É sobre dar a audiência algo que eles ainda não viram antes. Já vimos escalas antes na série. No piloto, em dois dias tivemos 150 zumbis, mas agora é um prolongamento em vez de apenas ver uma cena onde há um monte de zumbis. É algo que fazemos em todas as temporadas, reavaliamos o lugar onde os zumbis se encontram em nossa história. Às vezes eles têm uma linha histórica bem importante, outras vezes eles são um personagem secundário enquanto o drama se desenrola.
Certo – às vezes os walkers são a ameaça principal e às vezes são os humanos.
Greg Nicotero: Nessa temporada, os walkers e a ameaça deles são definitivamente mais um personagem destaque do que um secundário. É algo que Scott nos disse sobre os dois primeiros episódios. “Muitas pessoas dizem que nossa série não se trata só de um programa sobre zumbis, é bem mais que isso.” Mas ele disse que nessa temporada eles serão bem mais relevantes e prevalecerão mais do que vimos nas temporadas passadas. Os primeiros episódios apenas se desenrolam, e é bem implacável em termos de sermos capazes de colocar isso na tela.
Como você consegue fazer isso em uma perspectiva de maquiagem?
Greg Nicotero: Tive uma ideia: “Uau, podíamos montar essa tenda de bronzeamento, então podemos fazer uma fila de zumbis para que possamos pintar mais rostos ao mesmo tempo.” Quando você filma uma cena com 300 zumbis e só tem tempo de fazer 120 maquiagens, os outros 180 só se vestem e são colocados no fundo da cena, mas quando você edita, vê rostos que estão muito rosados e nem um pouco parecidos com mortos. Então eu tenho quebrado minha cabeça para tentar achar um jeito de colocar alguma maquiagem nos walkers do fundo para que contemos a história de que rosto a rosto está morto e quando a câmera passa você pode se segurar nisso por bem mais tempo. Temos sido bem sucedidos fazendo isso.
Vimos algumas fotos dos zumbis da sexta temporada. Há algum truque que vocês têm embaixo das mangas para essa temporada?
Greg Nicotero: Scott e eu estávamos numa conferencia e falávamos sobre Ray Harryhausen e ele disse, “Eu tive dificuldades em acreditar naquele osso exposto.” Não é Army of Darkness e Jason and the Argonauts, então não temos o aspecto sobrenatural de esqueletos andantes. Tudo que fazemos precisa ser fundamentado na realidade. Para mim, com meu histórico de pré-médico, gosto muito de músculos e ligamentos, então não vemos um osso do braço exposto completamente com os dedos se mexendo, porque dedos nunca se mexeriam sem músculos neles. Mas uma coisa que saiu dessa conversa foi que esculpimos próteses de caixa torácica com órgãos atrofiados por baixo, como pulmões deflacionados e o fígado e coração apodrecido. Fizemos isso com o peito, costas e até mesmo com braços.
Isso é nojento, cara.
Greg Nicotero: Nessa temporada nós meio que brincamos com a ideia de que a pele não consegue se manter aderida ao músculo, então começa a se desprender, revelando um pouco de osso – mas novamente com o conceito que ainda há alguns músculos e ligamentos, caso contrário, eles não seriam capazes de caminhar por aí. Mas mesmo no primeiro episódio você verá alguns walkers que meio que se espremeram em uns lugares apertados e ao fazer isso, arrancaram a maior parte de pele de seu corpo. Sempre um ótimo dia no set de The Walking Dead.
Fonte: Walking Dead BR
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